TRABIJU - Cidades do interior de SP equilibram crescimento e qualidade de vida

02/03/2013 11:15

 

Trabiju (SP) (Foto: Globo Repórter)

Era uma vez uma cidade com todas as ruas asfaltadas, ônibus e remédios de graça, índice zero de mortalidade infantil com o pré-natal feito na casa das futuras mamães. Um lugar sem cadeia.  O último homicídio foi há 12 anos. O distrito atende casos de brigas e pequenos furtos. Até o delegado Ricardo Fará reclama do tédio: “Por responder por outras duas cidades, eu tenho outras atividades, senão eu realmente ia ter entrado em depressão já, porque a calmaria é grande”.

O conto de fadas da vida real está no município paulista de Trabiju, cidade de 1,3 mil habitantes, onde a agenda telefônica cabe na memória da telefonista da prefeitura. Suzana Ribeiro de Souza conta que guarda na cabeça os números de 156 telefones.

A vida em Trabiju tem um ritmo diferente. Seu Jorge abandonou a carreira de ferroviário na capital para limpar as ruas de Trabiju. “Eu adoro essa cidade, de verdade, melhor do que São Paulo, que tem trânsito, muita população, muita fumaça e muito barulho também. Aqui nós estamos no céu”, diz o funcionário público Jorge Henrique da Silva.

Como a maioria, ele ganha salário mínimo, o suficiente para realizar o maior dos sonhos, a casa, financiada em 25 anos. Sobra dinheiro para pagar a prestação, luz, água. “Graças a Deus. É chique dez”, conta.

Dona Cida está de volta à cidade após viver mais de 20 anos em São Paulo. Hoje, serve cafezinho, mas já teve vida de madame. “Eu tinha tudo o que eu queria: meus filhos estudando nas melhores escolas, eu com duas empregadas em casa”, relembra a funcionária pública Maria Aparecida Colim.
Após a falência da empresa e a morte do marido, ela decidiu reconstruir a vida em Trabiju junto com os dois filhos. ”Eu precisava de uma escola boa perto da minha casa, porque eu não tinha condução nem dinheiro para levar meus filhos em escola nenhuma. Tinha posto de saúde onde eu poderia levar meus filhos... Tudo no lugar”, afirma Cida.

A cidade é tão tranquila que a porta fica aberta à noite. “Durmo com porta aberta, durmo com janela aberta. Se virem uma matéria dessa, vou ter que começar a fechar a porta”, brinca.
Como não tem carro, dona Cida vai a pé ao supermercado. Mas em Trabiju nada é longe. A curiosidade é que ela também vai sem carteira. Como ela paga a conta? Na confiança. “Sempre no quinto dia útil de cada mês eu pago a minha conta”, diz ela. O dono do mercado conta que mais de 80 clientes só pagam no fim do mês. “A gente tem aquela confiança um com o outro. Eu confio neles e eles confiam em mim”, aponta o empresário Pedro Opini.
A compra só não pode ser feita na hora do almoço, quando o mercado e todo o comércio fecham as portas para a sesta. As cinco indústrias do agronegócio também respeitam o intervalo. Na fabrica de ração, Reginaldo Aparecido Servidone faz o que muita gente da cidade grande não pode: a refeição em casa com a família. “É um privilégio, porque lá os caras não têm como almoçar em casa assim, saem tarde, chegam tarde em casa. É muito trânsito, cidade grande é muito corrido, não dá nem tempo”, avalia o carregador,
Nas cidades do interior, a correria é outra. Sem o trânsito dos grandes centros sobra mais tempo para respirar o ar puro, cuidar da saúde e da família.  Enfim, buscar a tão sonhada qualidade de vida, que caminha junto com o progresso.
Com um PIB superior ao de países como a Nova Zelândia, o interior de São Paulo é hoje o maior mercado consumidor do país. Virou rota do crescimento sem perder as raízes. Não é a toa que cada vez mais pessoas procuram na região o porto seguro para uma vida mais tranquila.

Fonte: Site Globo Repórter

 

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