SOB CUSTÓDIA - Tapa na Cara

07/05/2013 09:27

 

Foi um choque, algo surpreendente. Até então, nenhum atleta das ligas profissionais de esportes dos Estados Unidos havia assumido publicamente a homossexualidade.

Em um universo geralmente machista e implacável, a atitude de Jason Collins, 34, trás luz aquelas pessoas que não suportam viver uma mentira, ter de ocultar verdadeiros sentimentos e sensações.

A partir de agora, pelo menos no Tio Sam, a expectativa é que as amarras supostamente ligadas a “moral” e aos “bons costumes” sejam erradicadas do esporte. Uma pena que esta atitude não deva se espalhar para outros centros esportivos e outros esportes em geral.

Não pense, porém, que a publicação ocorreu nos Estados Unidos, pois lá o país é intelectualmente superior, ou que lá as pessoas não se importam com isso. Se aqui no Brasil existem seres como Marcos Feliciano, na América do Norte existem os integrantes do Tea Party, conservadores de extrema direita que se assemelham ao pastor brasileiro em pensamento e procedimento.

Jason Collins precisou de muita coragem para dizer a verdade. Num país tão dominado pelo fundamentalismo religioso, quanto o Brasil pode se tornar, declarar-se gay, sendo um esportista e negro é uma gigantesca forma de mostrar nobreza e dignidade.

A declaração do pivô é um tapa na cara da ignorância e da violência que apenas a religião pode alimentar. Desafiar a lógica convencional norte-americana é também mostrar ao mundo que ainda existe democracia, liberdade e diferenças em um país cada vez mais apegado a tradições ultrapassadas.

Para Marcos Feliciano, que permanece firme e forte na presidência da comissão de direitos humanos, fica aqui o desprezo de alguém que aprendeu a respeitar as diferenças, independentemente de quais sejam elas. Fica também a torcida para que Jason Collins, de 2,13 metros e 116 quilos encontre, assim, por acaso, o “grande pastor” brasileiro na rua e o ensine boas maneiras e respeito.

Nunca é tarde para aprender. Por bem ou por mal.