SOB CUSTÓDIA - Desenvolvidos, nós?

03/04/2013 08:15

 

 

Temos a mania, de vez em quando, de deliberadamente apontar os defeitos de nosso país e taxá-lo de imprestável. Somos tão críticos com nossa pátria, que parece até que não gostamos dela. As piadinhas brasileiras com seu próprio Estado Nacional são as melhores.

Temos outro costume também, de não gostar quando um estrangeiro critica nosso Brasil. Nós podemos falar tudo e mais um pouco, mas um gringo qualquer faz uma crítica e o país inteiro começa a o cornetá-lo. Quando lemos em qualquer lugar que nosso país é subdesenvolvido então, entramos em choque, ficamos desesperados.

A verdade, porém é dura. Somos uma naçãozinha subdesenvolvida latina americana sim. Nosso PIB é o sexto maior do mundo? A nossa Corrupção domina os rankings mundiais. Iremos receber a Copa? Estádios construídos a menos de uma década estão interditados por falta de condições. Milhares de brasileiros ascenderam à classe média? Milhões ainda não conhecem energia elétrica ou esgoto encanado.

Esta nação passa por um processo inédito em sua história. Queremos que todos olhem para nós com respeito. Desejamos consumir muito mais e que nosso dinheiro continue longe da ameaça da inflação. Os olhos do Planeta Terra estão voltados para o Brasil, esperançosos de que nós poderemos ser a locomotiva do mundo nas próximas décadas. Estamos nos sentindo importantes pela primeira vez em nossa história. O “complexo de vira-lata” descrito por Nelson Rodrigues não existe mais para uma parte significativa da nação.

Mas ainda existem miseráveis. Ainda existe a fome. Nossa saúde e nosso ensino público são simplesmente ridículos. A organização daqui é absolutamente primitiva.

Não podemos nos considerar desenvolvidos. Quem o faz, está olhando apenas para o próprio umbigo e esquece as condições de vida lastimáveis da maior parte dos brasileiros. Estamos nos desenvolvendo sim, mas em comparação com a Dinamarca, A Suécia, os Estados Unidos e o Japão, ainda somos um feudo perdido em algum lugar da Europa Oriental.

A crítica por nossa parte deve continuar sendo forte. É melhor pecar pelo exagero do que pela omissão. Devemos liberar também as críticas de estrangeiros. Se eles vêm do hemisfério norte, é muito provável que saibam o que é viver em uma nação desenvolvida e então a impressão que será obtida de nosso país será interessante.

Subdesenvolvidos ainda. Em desenvolvimento, porém. Desenvolvidos? Ainda não.

Estamos longe.